quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Espero

Estou acostumada com meus infortúnios. Todos os meus amores são caminhos involuntariamente solitários, que percorro na companhia de minha mente, em pleonasmo, com alguns bons ouvintes que evitam que minha boca seque em horas de silencio. Lavo minhas mãos sujas de tinta das cartas que te escrevo, em momentos de epifania. Cartas que realmente espero que nunca sejam lidas. Apenas aguardo.

Digo isso por que as escondo para que não leia, pois acho que nem todos estão preparados para ouvir o que tenho a dizer, e tenho medo que corra assustado dos meus olhos sofridos escritos em tinta seca, preto borrado.

Se tu fores embora, ou eu, ou nós, dessa pequena cidade grande, e não mais nos encontremos subindo Bahia, descendo floresta ou desbravando o império, espero também que saiba que nos últimos meses sua falta foi a dor mais desestruturada e desacostumada que já senti, em meus tempos desconexos, e vai continuar sendo, mesmo sem sentido. Espero que seu ano novo seja melhor que esse velho de bengala que deixamos de lado, melhor que esse ano pior, por que se esse foi o melhor da sua vida, já não há mais motivos para se viver.

Espero, enfim, um nós, mas esperar sentada talvez esteja me cansando, e a boca que só sente o amargo quer de novo sentir teu gosto. Espero que essas poucas horas desse ano velho talvez te tragam pra mim, não de volta, por que não houve entre nós um caminho de mão dupla. Eu quero ter a oportunidade de te dizer o que nunca foi dito, quero ter a oportunidade de ver o teu rosto na luz do sol entre uma noite e outra, por entre as cortinas. No mais quero te ter pra mim como nunca foi possível, por que se sobrevivi a esses tempos de tempestade, o impossível já não me parece tão espacial assim.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

All I wanted was you

É como se esse “amor”, ou sei lá o nome disso, fosse uma dessas tempestades colossais acompanhadas de ventanias. Não importa o tamanho do seu guarda-chuva, você sempre acaba encharcado. Nem meus tesouros simples e clichês estão me distraindo de você. Acabei na chuva para me molhar.

Livros, filmes, musica, café, cigarro. Nada tira seu rosto da minha cabeça. Fico me perguntando se você está bem, com quem está, e se lembra de mim as vezes.  Se foi bem na prova do fim de semana, se por lá estava chovendo descontrole, como por aqui.
Esse ano você entrou na minha vida rapidamente e saiu com a mesma espontaneidade.

Outros vieram, ficaram algumas horas e foram expulsos pelo meu coração quando seu olhar encontrava o meu novamente. É como se você roubasse o papel dos meus pseudo-protagonistas dizendo: ei, esse papel é meu! E é, no momento. Mais certamente que todas as minhas incertezas infundadas. Não quero te escrever cartas que não serão lidas, só mais algumas de amor, mas veja bem: O alguém que eu quero na minha vida agora é você. All I wanted was you. Meses que procuro não escutar essa musica para o bem do meu psicológico, até que ontem ela tocou na reprodução aleatória do maldito Ipod, fazendo com que o chão de dissolvesse aos meus pés com memórias involuntárias e queridas.

Enfim, em momento algum demonstrei essas coisas que escrevo pra você, e você não é vidente. Mas pense comigo, agora que já sabe do que sinto. As vezes a felicidade introspectiva é muito maior quando temos companhia.

Desde a nossa ultima vez tenho pensado no que você pode sentir por mim, justamente pela frieza daquele momento. Estranha vez, que me fez mudar com você. Acho que apaguei essa vez da memória, na esperança de me dar uma nova chance de te conquistar.

Acho engraçado minhas reações quando está você perto. Meu corpo reage perdendo a cordenação, minha língua embola embaralhando o fio da conversa. Você já percebeu, como fico atrapalhada quando você está por perto? Eu gosto dessa sensação de borboletas no estomago. Não as tire de mim.

Só quero que você saiba que... bem... quero sentir falta de você com motivos, e não sem momentos, como sinto agora. Como uma pessoa tão pequena pode gerar tanta confusão e saudade? Posso te pagar um café pra você me explicar?
Ok, esta noite eu sei que vou dormir pensando em você. Espero que saiba lidar com isso, caso eu invada seus sonhos com um sorriso.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Nós atados

Não vai adiantar. Sei que muita gente vai passar pela minha vida, mas acho que você veio pra ficar. Sem querer, com esse seu jeito sério de ver a vida e encarar seus sonhos, você me conquistou. Abro mão de muita coisa por você, e sei que abro, mesmo com essas suas duvidas estampadas na cara, quando segura minha mão. Um banheiro nunca pareceu tão pequeno. Acho que eu mostraria pro mundo, esse nós. Nesse momento, depois de ontem, me sinto assim.

É, nunca se pode exigir nada do outro. Não vou te pedir pra sentir nada de volta, por que sentimento não se influência, só se propaga e sabemos quando é verdadeiro. Não quero nada de você que não seja exatamente assim.

Sinto sua falta não sei por que, pelo misero tempo que nosso eu e você, sem nó, durou. Só sei que gosto de estar com você, e com o seu sorriso, e com sua forma de virar tequila. Com seu jeito de dizer obrigado, com seu olhar de repressão toda vez que me vê acender um cigarro. Acho completo. Parece completo. Eu sei que me apaixono e desapaixono rápido, não posso pedir para acreditar em minhas palavras. Cada hora estou com um, desatenta, inconstante. Mas eu consigo me imaginar acordando ao seu lado, mesmo com esse meu bloqueio psicológico para dormir junto com as pessoas. Acho que por você eu tentaria. Grande passo, não?

Sei lá, reaproximar de você está acabando com os potes de sorvete da minha casa. Sinto-me impotente, não sei o que fazer. Espero que você saiba. Sei é que me disseram por ai pra te esperar, enquanto eu agüentar. Talvez eu me arrependa da espera, caso tudo de errado, e fiquemos assim, do jeito que estamos. Mas a espera vai ser uma manhã deitada ao sol com um bom livro, se no final, eu e você deixarmos de ser isso, para sermos nós, enquanto pudermos.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Todo carnaval tem seu fim [2]

Eu olho pelas sombras da noite e me sinto confortável por estar escondida nesse escuro involuntário. A aflição senta ao meu lado, quando penso nesses flashs do passado, em um momento de ameaça nostálgica. Nós conversamos, atônitas, sobre horas que não voltam mais. Acho que aflição é o segundo nome da minha consciência.

Sei lá, acho que só estou com saudades. É tanta gente pra sentir Saudade que me perco nela, junto com minha lucidez. Esses dias de chuva indecisa me fazem pensar demais. Pensar em como vai ser o nosso fim, o fim desses nós que criamos esse ano. Já estou assim e o ano nem acabou. Nem me separei de vocês ainda, mas a idéia me assusta simplesmente por ter me parecido impossível alguns dias atrás. Acho, que na verdade, a segurança que estar ao lado de vocês me passou é que me fez sentir como se os conhecesse a anos, vidas, sei lá. Sou eu, quando estou na nossa pequena roda esfumaçada. Ser eu sempre foi tão estranho que nunca havia parado para tentar. Essa pessoinha confusa e chorona e, talvez, amável, estava tão escondida aqui dentro que havia esquecido que ela existia.

Não tenho do que reclamar dos nossos momentos de paz barulhenta, sentados na porta do prédio conversando sobre um nada que pra nós sempre foi tudo. Acho que no fim nunca conheci pessoas tão diferentemente iguais a mim. Reconheci em cada um pedaços do meu reflexo.

Mas é isso, estradas vão nos separar. E responsabilidades, amores, solidões. Esse ano, apesar de complicado e desafiador, foi o melhor ano da minha vida. E eu só tenho que agradecer a vocês, meus novos/velhos amigos, por terem me dado a oportunidade de pegar um canto na sala de aula pra aprender mais sobre a vida. Obrigado por terem me feito rir, chorar, gritar, pular na chuva, cantar. Obrigado por terem me feito valorizar o efeito de uma música cantada por muitas vozes, obrigado por terem me feito entender mais sobre sorrisos. Vocês que fizeram meu 2011 valer a pena, não eu.

Vai ser difícil acordar todas as manhãs sabendo que não vou vê-los, e me desculpem pela dramaticidade do texto. Todo mundo já conhece esse meu lado mesmo.

Saudades antecipadas.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Vitral

Acho que cansei de fingir ser algo que não sou. Cansei de fingir que sou inteira, que sou alguém em quem se espelhar. Cansei de fingir que sei demais, cansei  de felicidade em demasia. Sou tão normal quanto anormal, sou bem menos do que digo e bem mais do que faço. Sou pedaços, pedaços que se espelham ao tempo, se faz chuva ou sol, minha personalidade está nas gotas e nas lágrimas que caem dos céus lá fora.

Não sou desapegada. NÃO SOU. Esse sorriso é o reflexo da dor que as pessoas me deixaram, passando pela minha rua mal iluminada. Sou tão pedaços que cada pedaço de pessoa que passa na minha vida fica por aqui, compondo esse vitral colorido que é meu pseudo-inteiro. Aquele moço que sorriu pra mim na rua construiu parte da minha gentileza, aquele rapaz que beijei em uma noite de inverno construiu pedaço da minha cautela. Sou apegada, sim, a coisas pequenas, a coisas carnais, principalmente por que tudo em mim é sentimento, e, se isso te assusta,  você não está preparado para estar na minha vida.

Não sou forte, não sou fria. Sou espontânea, e carinhosa, e me magôo com facilidade. Me desculpe por ser tão desestruturada. Mas aceito desafios, pois sei lidar com meus limites. Se eu sou um desafio por que você tem medo de destruir meu castelo, você é um desafio pois tenho medo de ter que pedir empréstimo para reconstruí-lo. Mas tudo na vida passa, e você já passou por aqui mesmo, não custa muito ficar mais um tempo pra vermos onde essa baboseira vai dar. Não me subestime por sentir demais. Talvez  o que falta na sua vida sejam os meus pedaços coloridos.

Um porre em sua homenagem

Shot, copo, garrafa. Tequila, Cerveja, Vinho. Banheiros desconhecidos, cigarros mofados, noites escurecidas, estranhos atrapalhados. One, two, three, floor.
Pernas cambaleantes, lençóis amassados, cabelos bagunçados, duvidas incrustradas.
Onde ele está? Shot. Com quem ele está? Shot. Será? Shot. Babaca! Dois shots. Meio fio...
A madrugada vira dia, táxi por favor, me leva pra minha casa. Onde é a sua casa?
Casa? Não sei... Bêbado não tem casa, não tem dono, não tem honra.
Bêbado só tem lembrança, bêbado só tem fotografia.
Bêbado não tem nada.
Shot.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Louca tempestade

Minhas paredes estão se dissolvendo em um mar gosmento de emoções não identificadas. Parece que tudo que me disseram, tudo que foi previsto em um sonho cheio de simbolismo nada agradável está acontecendo. Coincidência ou apenas destino? Não sei se ainda acredito em destino. Nós dois sentados lado a lado ontem, foi destino? A forma como você se inclinou em minha direção, e pela primeira vez, fui capaz de desviar meus lábios dos seus, foi destino? Você acredita que fomos predestinados a esses 14 meses, e que agora tudo está no passado, nada mais e nada menos que lembranças obrigatórias de momentos que faria quase tudo para esquecer? Eu não consigo mais acreditar em coincidências. Algo me levou a ele e essa semelhança entre vocês dois me deixa enjoada, não pode ser coincidência. É só um fato. Vocês são dois lados de uma folha em branco. Não há nada para ler, ou sou eu quem não enxerga as letras miúdas desse mistério?

Meu problema, eu gosto de desvendar as coisas. Gosto de pensar. Pensar me é mais útil que dormir, por isso as noites em claro e a convivência com pessoas que tem capacidade de me tirar o sono. Qual a graça na simplicidade? Qual a graça em quem só diz o que quer, só diz a verdade? E será que vocês dizem mesmo a verdade, e eu que a entendo como algo a ser desvendado? Os olhos são a melhor parte. Os seus olhos são nublados, e eu adoro uma boa tempestade. Barulho, tormento, destruição e calmaria. A tempestade é a antítese que eu mais gosto.

Enfim, você se foi e ele ficou, ficou na sala, mas não sentou no sofá. Está beirando a porta, e estou com medo de ter que dormir sozinha essa noite. A tempestade está longe da calmaria, e eu vejo os raios refletirem nos olhos dele, muito mais belos lá que quando vistos pela janela.